O desenho da figura humana como representação da experiência de maternidade / The human figure drawing as the representation of the maternity experience

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados da aplicação do Desenho da Figura Humana em mulheres puérperas. Introduziu-se uma modificação sobre a técnica de aplicação de Machover, de modo que todas as mulheres fizeram o desenho de uma criança e de um adulto. Os desenhos foram analisados quanto à ordem, sexo e idade das figuras e foram levantados aspectos individuais relacionados às vivências maternas. Os resultados revelaram a projeção de aspectos psicológicos associados ao período do puerpério, como ambivalência, regressão, identificação com o bebê e com o novo papel de mãe. A projeção, sobre o filho, das expectativas e dos desejos maternos foi observada em desenhos que retrataram crianças e a significação das figuras materna e paterna da puérpera, além do marido, revelou-se em desenhos que representaram pessoas adultas. Detectaram-se, em alguns casos, as características individuais da personalidade materna que influíam na experiência de maternidade e na relação mãe-filho.

This article presents the results of the Human Figure Drawing test applied in women during the puerperium period. It was introduced a modification on the Machover´s technique, in a way that all women drew a child and an adult. The drawings were analyzed regarding order, sex and age of the images, and by individual aspects related to the maternal experience. The results revealed the projection of psychological aspects associated to the puerperium period, as ambivalence, regression, identification with the baby and with the new maternal role. The projection, on the child, of the mother´s expectations and desires was observed by the drawings portraiting a child; and the meaning of the maternal and paternal figures of the mother, beyond the husband, was revealed by the drawings representing adults. It was observed, in some cases, the individual characteristics of the mother´s personality that influenced on the maternal experience and on the mother-child relationship.

Trajetórias da maternidade e seus efeitos sobre o desenvolvimento infantil / Maternity course and its effect on children development

Este artigo focaliza as vivências da maternidade e seus efeitos sobre a vida emocional da criança, apresentando os resultados de um estudo longitudinal com doze mulheres primíparas, acompanhadas em suas experiências de maternidade, da gestação aos três anos de idade do filho. Os resultados do estudo evidenciaram a influência do psiquismo materno inconsciente sobre a experiência da maternidade e sobre os padrões de afetos e atitudes apresentados pelas mães na relação com os filhos. O predomínio de aspectos mais saudáveis ou mais patológicos do psiquismo da mãe atuando sobre a experiência emocional da maternidade, desde a gestação, ofereceu importantes indicativos sobre a evolução das vivências maternas e sobre o futuro da relação mãe-filho. A interferência maciça de aspectos narcísicos, masoquistas e obsessivos da personalidade materna atuou negativamente sobre a relação mãe-filho. A relação conjugal e as relações objetais com as figuras introjetadas materna e paterna também influíram sobre a maternidade.

Tricotando para o bebê que se espera: arte terapia para gestantes na clínica winnicottiana / Knitting for the expected baby: art therapy for pregnant women at the winnicottian clinic

Na medida em que a experiência emocional infantil, alicerce da maturidade futura compatível com o ser e o viver criativos, está essencialmente ligada à qualidade do cuidado materno, temos oferecido, no contexto da arteterapia de inspiração winnicottiana, atendimento psicanaliticamente orientado através do uso do tricô como materialidade mediadora. Constamos que esta manufatura, pela qual as roupinhas surgem como sucedâneos externos do próprio útero, facilita a elaboração de uma continuidade imaginária entre as condições de "mãe-uterina" e "mãe do lactente", entre feto e bebê. Ao assumir uma postura ativa, no tricotar, a gestante tende a lidar mais satisfatoriamente com as angústias oriundas do fato de ser a gravidez um processo que se padece. Atendida em ambiente terapêutico suficientemente bom, a mulher pode viver uma experiência ilusória, criando imaginaria e onipotentemente o corpo do bebê, preparando-se para a entrada no estado de preocupação materna primária, a partir do qual poderá proporcionar ao filho a experiência ilusória de criação do seio, onipotência fundante da sanidade humana possível

Psicodinâmica do puerpério em mulheres primíparas / The psychodynamics of puerperium in primaparae women

O puerpério em mulheres primíparas está associado a situações geradoras de crise: a perda, ou ameaça de perda, de pessoas afetivamente valiosas ou de situações importantes. Ao mesmo tempo, a presença de uma figura materna hostil e vingativa se denotava pelo temor de abortar, de morrer no parto e de estar gerando uma criança com síndrome de Down. Uma das mães apresentava-se com pouca perspectiva de gratificação a ser obtida através da experiência de ser mãe e um sentimento de fracasso se apresentava. Outra apresentava uma regressão adaptativa, necessária no puerpério, que conduzia a mulher ao encontro das necessidades de seu bebê. É freqüente o medo de ficar sozinha, que implica no desejo de ter constantemente a presença de alguém em sua companhia. Uma mãe se sentia uma “inútil”, com escassas condições para responsabilizar-se pelas tarefas de cuidar do filho. Outras mães apresentavam a necessidade de ter apoio externo. Para a maioria delas, o contato com o bebê real produzia uma sensação de alívio, ao aplacar as angústias de que não seriam capazes de ter um bebê em seu interior, ou de que ele não seria perfeito e saudável. A experiência de amamentação mostrou forte correlação com o tipo de identificação com a figura materna.